terça-feira, 27 de outubro de 2009

Cerveja e cultura


Existem os produtos e existem os seus usuários. Se são muitos e fiéis, acabam por desenvolver uma cultura do consumo. Apreciam a bebida, instituem rituais de socialização onde não pode faltar a cerveja, marcam os momentos de suas vidas pelo convívio com outros apreciadores da bebida. O consumo permite isso: criar laços entre indivíduos distintos a partir de um gosto comum. Sendo o consumo de algo associado ao lazer, prazer, tanto mais intensa será a preferência e a adesão à idéia.
Veja-se ao lado que a Brahma, lá por 1908, precisou contratar um médico, auto-denominado higienista, para combater os outros médicos higienistas e afirmar que a cerveja fabricada aqui atendia às restrições dos médicos temperantes, críticos do consumo de álcool. Iniciativas como a do folheto de 1908, muito lobby junto aos parlamentares e propaganda salvaram a imagem da cerveja como produto que se pode consumir sem culpa: nem álcool é, diziam! Ninguém saiu em defesa da aguardente que apanhou feio da propaganda temperante.
Abaixo, segue artigo sobre o lançamento da cerveja Brahma Chopp, em 1933, já em outro momento de crise. A ameaça ideológica contra a legitimidade de cerveja já havia passado, aliás, as cervejarias brasileiras superaram a crítica temperante com folga. O problema em 1933 era a recessão dura que encolheu o mercado consumidor. Com todo mundo sem dinheiro para passar horas em bares e pagar a conta, os marketeiros da Brahma inventaram uma forma de chope que se pode tomar em casa. Claro que não existe chopp engarrafado, o pessoal sabia bem disso. E daí? Os consumidores quiseram acreditar que, ao comprar uma cerveja pasteurizada tipo pilsner, bem aguada, estavam na verdade comprando o chopp que costumavam beber fora de casa. Assim, a cerveja invadiu o espaço do lar e se instalou para não mais sair.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Prêmio Iniciação Científica 2009: melhor trabalho na sessão de História










Hoje, 21 de outubro, foi a premiação. Auditório cheio, hino nacional e muitos discursos. Com tudo isso foi uma experiência ótima. Nem fazia idéia de que o CNPq oferece 21 mil bolsas de iniciação científica no país. Deste modo, os alunos bolsistas, somados aos voluntários fazem quase 40 mil alunos de graduação desenvolvendo trabalhos de iniciação científica. É bastante coisa e acho que pode ficar ainda maior.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Prêmio Iniciação Científica 2008-09

O programa de iniciação científica é concebido para oferecer uma oportunidade aos alunos de Graduação a fim de pensarem mais além das exigências dos cursos, as provas, as filas do xerox. Quase sempre funciona muito bem. Os alunos que participam das edições do famoso PIC crescem intelectualmente, ganham autonomia de pesquisa e, portanto, amadurecem como profissionais.
É verdade também que os iniciantes costumam exigir bastante dos professores que os orientam. Nada que não faça parte da vida acadêmica e costuma ser bastante prazeroso vê-los desenvolver seus trabalhos.
Hoje tive a grande satisfação de saber que Raquel Gontijo foi escolhida entre os avaliadores externos para receber um prêmio de destaque na edição do PIC/UNB 2008-09.
Quarta-feira volto aqui para postar a foto da premiação e um link com o trabalho da Raquel para vocês.
Parabéns, Raquel!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O Feminismo no Brasil e os homens públicos amigos das mulheres




Bertha Lutz como delegada do Brasil na conferência internacional de São Francisco, 1945.





Deputado Federal Nelson Carneiro





Este post destaca duas figuras públicas que dedicaram suas carreiras políticas à redução das desigualdades entre mulheres e homens no Brasil. Acima, Bertha Lutz representa o Brasil em uma das várias conferências internacionais que se seguiram à IIª Guerra e que discutiram a desigualdade dos direitos civis das mulheres no mundo.
Ao lado, uma imagem do jovem deputado baiano, Nelson Carneiro, responsável por importantes projetos de lei que alteraram a condição de inferioridade legal das mulheres no país. Em certo sentido, Nelson Carneiro deu continuidade ao esforço de Bertha neste assunto. Também como se vê, Bertha não se restringiu à sua tentativa de reforma dos direitos civis das mulheres enquanto exercia mandato na Câmara dos Deputados, e se manteve atuando em favor da causa por toda a vida. Já Nelson, insistiu toda a sua vida parlamentar para modificar o obsoleto direito civil brasileiro.
Se você quiser saber um pouco mais sobre os esforços de Bertha e de Nelson Carneiro para reformar a condição legal das mulheres, leia o artigo que fizemos, eu e Hildete Melo, e que está reproduzido abaixo. O artigo foi recentemente publicado na revista Estudos Feministas.

domingo, 19 de abril de 2009

Edward Hopper

Recentemente, conversava com um colega sobre a obcessão que certos artistas têm de se manter na mídia a todo custo, mesmo quando sua obra já não provoca emoção. Lembramos que, ao final da sua vida, o pintor norte-americano Edward Hopper pintou uma comovente composição onde representa a si e à sua mulher, Jo. No centro do palco, dois comediantes agradecem ou se despedem do público. Ou será que fazem os dois? O quadro se chama Two Comedians, e a reprodução que apresento neste post não faz jus à sua beleza. Sugiro aos curiosos procurá-lo na internet.
Espero saber a hora de me afastar do mundo público e dizer: _ Até mais, pessoal! Essa foi minha contribuição ao mundo.
Certamente, minha contribuição será bem modesta perto da obra de Hopper, que, à mesma época em sua vida, pintou a luz do sol sobre a parede de sua casa. Assim mesmo, sem complicação: apenas o registro da beleza da luz inundando as paredes nuas. Simplesmente genial!






Visita aos museus do Catetinho e da Memória Candanga

Já faz tempo, eu sei. Foi em 2007 que eu assumi uma turma de Iniciação ao Estudo da História e fomos visitar o Museu do Catetinho e o Museu da Memória Candanga, aqui em Brasília. Como foi uma boa experiência intelectual ministrar esse curso e muitos daqueles alunos voltarem a ser meus alunos e colaboradores em outros cursos, coloco essas imagens no blog para registrar o lado bom da vida universitária.
Há quem diga que Juscelino enriqueceu com Brasília. Aliás, à época, a UDN fazia muito alarde contra o presidente e seus colaboradores mais diretos. Não conheço um historiador profissional que arrisque sua reputação para sustentar isso. Na verdade, o que se vê na residência de Juscelino no Catetinho, hoje um museu, é simplicidade. Qualquer governante brasileiro nos anos recentes ficaria horrorizado com as condições singelas das acomodações de JK quando estava em Brasília.